Sem título

Existem situações que nos fazem pensar no sentido não só da vida mas de tudo.

Durante a minha carreira profissional cruzei-me, algumas vezes, com uma colega bióloga que fazia mais ou menos o mesmo que eu mas com aves aquáticas.

Durante o seu doutoramento e por força de uma grave acidente de percurso que ela teve tive a felicidade de a conhecer em Aveiro e trocar muitas impressões sobre o meu e o seu trabalho.

E era assim muito de vez em quando.

O que apreciava nela era o entusiasmo com que falava da sua investigação.

Era um entusiamo tão contangiante que eu dava por mim a ter muita curiosidade e interesse pelo que ela fazia. Ela vibrava quando falava e eu dava comigo a vibrar também.

À cerca de dois ou três meses atrás esteve no meu laboratório a ler umas amostras e na sequência desse trabalho reuní com ela na passada segunda-feira com vista a a realizar mais trabalho conjunto e, em particular, a dar apoio analítico a uns estudantes de doutoramente que ela orientava.

Soube ontem durante umas provas de doutoramente que tinha falecido de acidente de viação na terça-feira.

Fiquei e estou estupefacto.

Não eramos amigos. Também não eramos conhecidos. Eramos "colegas" de trabalho. Colegas que respeitavamos a apreciavamos muito o trabalho um do outro.

Por certo que não vou nunca esquecer a Paula.