É a nova politica na investigação nacional, pelo menos em alguns institutos de investigação públicos.
Vejamos.
Existem temas de investigação que estão neste momento "na vanguarda" mundial em termos científicos mas depois, quando queremos implementar/complementar/iniciar esses trabalhos em Portugal, corremos o risco de não o poder fazer, pois embora sejam “extremamente interessantes” não são contudo “relevantes”.
Exemplo: Imaginemos que faço o meu trabalho num instituto ligado à investigação na área dos vinhos. Através de uma leitura atenta do que se publica na imprensa científica internacional venho a achar que será extremamente interessante estudar as alterações climáticas pois penso que terão consequências inevitáveis na produção vinícola.
À primeira tentativa de avançar com um trabalho deste tipo são me logo cortadas as “pernas”, pois embora o tema seja interessantíssimo (as alterações climáticas) não é relevante para a missão da instituição (vinho). É o que eu chamo uma visão redutora.
Depois, ou perco uns dias a fazer um documento para provar por a+b que o “tema é relevante” ou então é melhor esquecer e ir bebendo uns copos (de vinho, claro) para esquecer.
Infelizmente, o problema é que quem decide muitas vezes não percebe nada do assunto. Enquanto forem economistas e gestores a “gerir” o tecido científico e tecnológico nacional, não vamos longe.
Vejamos.
Existem temas de investigação que estão neste momento "na vanguarda" mundial em termos científicos mas depois, quando queremos implementar/complementar/iniciar esses trabalhos em Portugal, corremos o risco de não o poder fazer, pois embora sejam “extremamente interessantes” não são contudo “relevantes”.
Exemplo: Imaginemos que faço o meu trabalho num instituto ligado à investigação na área dos vinhos. Através de uma leitura atenta do que se publica na imprensa científica internacional venho a achar que será extremamente interessante estudar as alterações climáticas pois penso que terão consequências inevitáveis na produção vinícola.
À primeira tentativa de avançar com um trabalho deste tipo são me logo cortadas as “pernas”, pois embora o tema seja interessantíssimo (as alterações climáticas) não é relevante para a missão da instituição (vinho). É o que eu chamo uma visão redutora.
Depois, ou perco uns dias a fazer um documento para provar por a+b que o “tema é relevante” ou então é melhor esquecer e ir bebendo uns copos (de vinho, claro) para esquecer.
Infelizmente, o problema é que quem decide muitas vezes não percebe nada do assunto. Enquanto forem economistas e gestores a “gerir” o tecido científico e tecnológico nacional, não vamos longe.
13 comentários:
Pois é, meu caro João, este é, infelizmente, o estado do nosso querido país...
Também já tive experiências semelhantes: conclui que é sempre enriquecedor passar uma data de tempo a construir um belo projecto, mas que, no final, é tempo que poderia/deveria ter sido utilizado em actividades mais úteis.
Abraço:)
Não deixando de concordar com o exemplo apresentado .... também é verdade que é muito frequente os researchers dedicarem-se a estudar aspectos tipo "sexo dos anjos" que pouco ou nada contribuem para o enriquecimento/desenvolvimento socioeconómico ... não são business oriented ... e depois queixam-se de não terem apoios ...de as empresas não os recrutarem etc. Também o Estado de certa forma contribui para isso com subsídios em excesso quando o que se deveria estimular era o crescimento do financiamento privado na área... mas este só entra em investigação com potencial económico feita por investigadores com provas dadas e que aceitem libertar-se de tachos públicos ... e submeterem-se ao cumprimento de objectivos datados ... Sim, porque na actividade privada o tempo é uma variavel que conta! Abç
E viva o senhor Socrátes!!!!!
Ass: Gattaca
Kapitão: Sem dúvida. As vezes mais vale estar-mos quietos.
Anónimo: Concordo na totalidade com o escrito. No entanto para isso é que devem existir comissões cientificas especializadas para julgar da relevância ou não de determinado projecto. Não me choca mesmo se estas comissões envolvessem especialistas do privado. A principal questão e que o irrelevante se torna muito relevante se se conseguir algum dinheiro independentemente de onde vier. Concordo com a avaliação cientifica, mas não com a economicista.
Gattaca: Viva :p
Comentário de Hg que apaguei sem querer :p
Eu não vou comentar este post como queria nem com a linguagem que queria.....
Então acendi em concórdia agora!:////
Vou ser antes correcto e polite...e dizer que estais correcto...(í¬ssimo)...que já o sofri na pele, várias vezes....
São o problema das mafias...e das constantes caras e ramificações à frente das coisas....
Enfim...
:)
O da SCS :p
Risca mais um.
Seis dias :)
Vira *
Hg: Acho que somos mesmo muitos
SCS: Já está, já está :)
De acordo. Se bem que beneficiei claramente dessa visão da relevância para ver o meu plano de trabalhos aprovado. Outra coisa que não sei se já reparaste é na diferença de apoio que é dado a quem quer desenvolver trabalho científico fora em comparação com quem aposta na investigação em Portugal...
É o país que temos, há que saber aprender a viver nele e com ele. Sem deixar de acreditar na evolução, é claro. :)
PS-Esse sítio para onde vais é bem longe! Puxa...
A questão é como dizia de quem avalia. Se é avaliado pelos pares é natural que tenhamos uma avalição de relevância. Senão é tudo muito subjectivo.
É melhor não comentar, senão exalto-me.. lol e o médico proibiu-me de batalhar causas perdidas (pelo menos acho que foi o médico.. lol).
Abraço ;)
(melhores dias virão)
Mikael: Nem mais, espero....
Este é um assunto que poderia levar ao gasto incontrolável de tinta e que não se circunscreve à ciência. Todos temos paixões que gostamos de alimentar para além do mundano/obrigatório. É certo que estas paixões nem sempre são fáceis de alimentar, nem sequer são do agrado de todos. Os privados acham que são tolices, esquecendo que a ciência é feita de pequenos avanços até que se possa ter uma aplicação à indústria. Para eles só se deveria fazer investigação aplicada. No entanto, esta investigação tem por trás muitos litros de suor de investigação pura: que faria a indústria farmacêutica sem a investigação em síntese de química orgânica. Para além de tudo isto estas paixões também não são aceitas por concorrentes ao financiamento. “O que aqueles gajos fazem não serve para nada, nós é que temos uma boa linha de investigação”. Por isso João o importante é não desistir porque as modas e os financiamentos são flexíveis para ajustar a relevante o que ontem apenas era interessante. O contrário também é válido e penoso para quem já teve nas boas graças.
O meu assento:
A célebre definição de átomo do Rutherford que o equipara a um pudim de ameixas aplica-se a todas as nossas cabeças, bem como ao funcionamento de grande parte das instituições portuguesas. Em vez de procurar rivalidades seria mais válido encontrar sinergias.
Miguel
Concordo na totalidade contigo. No entanto penso que a avalição deva ser feita sempre pelos pares e num processo transparente, processo essse que sabemos os 2 que na verdade suscita muitas dúvidas.
Em relação às passas, o modelo é de Thompson não de Rutherford :)
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